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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Preso médico investigado por morte de duas pacientes após lipo no RR


O cirurgião plástico Henrique José Schiaveto foi preso, na tarde desta segunda-feira (16), na sede do Ministério Público de Roraima, após se apresentar com dois advogados e com o médico Hiran Gonçalves, ex-presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM). A Justiça de Boa Vista decretou a prisão temporária de Schiaveto na quinta-feira (12). Os defensores dele tentaram um habeas corpus, que foi negado pelo Tribunal de Justiça.
Schiaveto é investigado pela morte da defensora pública Maria Luiza Coelho, 49 anos, ocorrida no sábado (7), também após fazer uma lipoaspiração. O promotor criminal Marco Antonio Bordin de Azeredo, de Boa Vista, também apura se o cirurgião plástico ofereceu R$ 5 mil para a família da paciente Maurízia Gomes de Souza, 39 anos, que morreu em 29 de outubro de 2011, após ser submetida a uma lipoaspiração na cidade. A vítima vivia do Amazonas e viajou ao estado vizinho para fazer a cirurgia estética.


De acordo com o MP, o cirurgião plástico foi levado para o Instituo Médico Legal (IML), para exame de corpo delito, e em seguida para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.
Investigação
A informação de que o cirurgião Henrique Schiaveto ofereceu o valor em dinheiro para os parentes da primeira vítima teria sido passada aos promotores pelo próprio médico durante depoimento prestado nesta terça-feira (10). "É o mesmo valor que ele cobra para realizar a cirurgia plástica. Perguntei o motivo da devolução do dinheiro e ele disse que tinha se sensibilizado com a família", afirmou o promotor criminal Marco Antonio Bordin de Azeredo.
O médico Schiaveto foi procurado pelo G1 nesta segunda-feira (9), por telefone, ocasião em que ele disse que a morte da defensora era uma fatalidade e que estava abalado com o ocorrido. Ele foi procurado novamente para falar sobre as novas acusações, mas não atendeu os telefonemas. (leia mais abaixo)
Segundo o promotor, o que tornou importante a informação da devolução do valor da cirurgia aos parentes da paciente morta foi o depoimento de uma médica, que afirmou ter ouvido do investigado que "não seria denunciado pela morte porque tinha dado dinheiro para a família", disse Azeredo.
O promotor afirmou ainda que não houve registro de Boletim de Ocorrência na Polícia Civil de Boa Vista sobre a morte de Maurízia e nem análise pericial no corpo dela. "A equipe médica do hospital nos procurou para denunciar a conduta médica dele [Schiaveto]. No dia em que fez a lipoaspiração na vítima, poucas horas depois a paciente entrou em choque hemorrágico. O médico foi contactado e disse que não iria ao hospital. Diante da gravidade da paciente, ela passou por uma nova cirurgia para a retirada de três litros de sangue da cavidade abdominal, que tinha mais de 20 perfurações profundas, de mais de 15 centímetros", disse Azeredo.
"Negligência"
De acordo com a apuração da promotoria, Schiaveto só foi ao hospital horas depois do segundo chamado. "Maurízia morreu cerca de dez horas depois do término da cirurgia feita por ele. Ela teve hemorragia em decorrência das perfurações sofridas na cavidade abdominal. A família, que mora no Amazonas, está sendo localizada para prestar depoimento", disse Azeredo.
O promotor informou que o fato de o médico ter feito um acordo com a família não extingue a necessidade de investigação criminal por parte do MP. "O crime não deixou de existir se ele indenizou a família. A investigação não depende de vontade do investigado. Os próprios médicos, colegas dele no hospital, indicam que houve negligência por parte dele", afirmou Azeredo.
A Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) designou o Grupo Especial de Combate ao Crime para investigar o cirugião com auxílio da 1ª Promotoria de Justiça Criminal e da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde de Roraima.
Conselho Regional de Medicina
O pediatra Wirlande Santos da Luz, presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), em Boa Vista, disse que Schiaveto protocolou um documento pedindo sua suspensão do exercício profissional como cirurgião por ter sofrido um abalo psicológico e por precisar de suporte psicológico. No documento ele relata o ocorrido com suas pacientes. Mas isso não tem valor algum para o conselho. O médico só pode ser suspenso depois de investigado."
Para o promotor, o documento indica "incompetência do médico em atuar como cirurgião plástico. É o que tiro de bom da estratégia de defesa dele. Ele mesmo assinou um documento afirmando não ser capaz de fazer cirurgia plástica."
Santos informou que há três processos de sindicância contra o médico. "Seguimos os prazos legais para que o médico se defenda e isso será feito com sigilo. Estamos fazendo uma investigação de ofício há uma semana."
Paciente internada
Uma mulher foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral do Estado, em Boa Vista, nesta segunda-feira (9), após fazer uma cirurgia de lipoaspiração com o cirurgião Henrique Schiaveto.
A paciente já recebeu alta da UTI e foi transferida para o quarto e não corre risco de morrer. "Já falamos com a família e pedimos que, assim que a paciente receber alta do hospital, ela possa prestar depoimento para nós", disse o promotor Azeredo.
Outro lado
A reportagem do G1 entrou em contato com Schiaveto, por telefone, mas ele não atendeu os telefonemas para comentar a internação de uma paciente dele nesta segunda-feira. Ele não foi localizado pelo G1, nesta quinta-feira (12), para comentar as asusações da promotoria de que teria dado dinheiro parentes de uma paciente morta no ano passado para que eles não fizessem denúncia contra ele.
Schiaveto disse ao G1, por telefone, nesta segunda-feira, que a morte da defensora “foi uma fatalidade” e que estava muito abalado e em depressão com o que houve. Ele disse que não poderia falar mais sobre o procedimento e que iria colaborar com as investigações.
A direção do Hospital Unimed Boa Vista, onde ocorreram duas mortes de pacientes do cirurgião, foi procurada pelo G1, por telefone, para comentar o caso, mas a assessoria de imprensa informou que o estabalecimento não iria se manifestar.

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