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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Feminista Violada no Haiti Atribui Culpas ao Homem Branco



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Há duas semanas atrás, numa 2ª Feira de manhã, comecei a escrever o que eu pensava que seria um editorial inteligente em torno da violência contra as mulheres no Haiti. Este assunto, pensei eu, estava a ser mencionado diversas vezes pelas organizações femininas e como tal precisava de mais fundamentação.

Sempre determinada em preservar a dignidade do homem negro num mundo que constantemente os estereotipa de selvagens e violentos, eu via esta escrita como mais uma oportunidade de combater "o homem" em favor dos meus irmãos.

Nessa noite, antes de ter terminado o artigo, fui mantida e violada repetidamente num telhado do Haiti por um dos homens em nome de quem eu havia passado grande parte da minha vida a advogar.

Isto deixou-me profundamente magoada. A experiência quase foi mais do que eu podia suportar. Implorei que ele parasse. Com medo que ele me matasse, implorei que ele honrasse o meu compromisso com o Haiti, a ele como um irmão na luta mutua em torno do término da opressão comum, mas ele nem ligou.

Ele não se importou que eu fosse uma estudiosa do Malcolm X. Ele não só mandou-me calar como deu-me uma bofetada. Sobrepujada, parei de lutar a meio da noite.

Aceitando a fragilidade da minha condição, afastei para longe de mim a pulseira haitiana que eu havia orgulhosamente usado durante mais de um ano, com ela os meus sonhos da libertação humana.

....

Fui até ao Haiti depois do terremoto como forma de dar poder à auto-suficiência dos haitianos. Fui lá não só para lhes lembrar das inúmeras contribuições que os afro-descendentes fizeram ao mundo, como para lhes lembrar da sua resiliência e força como um povo.

Nunca me vi como alguém que se tornaria o receptáculo da raiva do homem Negro contra o mundo branco, mas foi nisso que me tornei. Embora eu me oponha ao comportamento do meu irmão, estou grata pela experiência. Ela despertou-me e fez-me entender de um modo mais profundo o nível de terror que as minhas irmãs experimentam diariamente.

O homem Negro tem todo o direito de sentir a raiva que sentem em resposta à sua posição na hierarquia global, mas a sua raiva está mal direcionada.

As mulheres não são a fonte da sua opressão; as políticas opressivas e o ainda-por-questionar patriarcado do homem branco ainda dominam a arena mundial. Isto porque as mulheres - especialmente as mulheres de cor - são forçadas a suportar a resposta do homem Negro à condição do homem Negro.

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