Mocidade Alegre mergulha na Bahia romântica retratada por Jorge Amado
No ano passado, a Mocidade Alegre tratou do universo do ilusionismo em seu enredo (Foto: Daigo Oliva/G1)O candomblé, a capoeira e as festas populares que integram o universo do livro “Tenda dos Milagres”, romance publicado pelo escritor Jorge Amado em 1969, irão pautar o desfile da Mocidade Alegre, escola do bairro da Casa Verde, Zona Norte da capital, três vezes campeã do Grupo Especial paulista.A escola terá que se superar após um incêndio atingir o barracão da escola no Viaduto Pompeia.A opção pelo enredo é uma alternativa proposta pela dupla de carnavalescos da escola, Sidney França e Márcio Gonçalves, que tinham a tarefa de preparar um desfile em homenagem ao centenário de Jorge Amado, que se comemora em agosto próximo, mas com o desafio de inovar na estrutura da narrativa.“Eu, para falar a verdade, não queria fazer uma homenagem biográfica. Foi quando partimos para a obra do escritor e nos deparamos com o livro 'Tenda dos Milagres', que o próprio Jorge Amado afirmava ser o seu trabalho predileto”, explica Sidney França.Para o desfile, o carnavalesco promete reproduzir uma Salvador da primeira metade do século passado, com destaque para a sua efervescente cena cultural, que mesclava a religiosidade, a música e a plástica africanas aos símbolos portugueses e católicos.“A ideia é fazer com que todos que assistam ao desfile consigam entender o transporte no tempo, viajando até a história e o ambiente do livro. Vamos recuperar a cenografia, a arquitetura de Salvador, a região do Pelourinho. Estamos falando de uma Bahia imortalizada na memória, recém-saída do período imperial. Isso tudo estará em nossas fantasias”, conta França.Abaixo, confira o samba-enredo da Mocidade Alegre para o desfile de 2012. Os compositores são Fernando, Leandro Poeta, Renato Guerra, Rodrigo Minuetto, Thiago e Vitor Gabriel.O rufar do tambor vai ecoarTenho sangue guerreiro, sou Mocidade!A luz de Ifá vai me guiarOjuobá espalha axé, felicidade!Kaô kabecileKaô, meu Pai Xangô!Ouça o clamor de OjuobáÉ fogo! É trovão! É justiça!E assim, cruzando o mar de YemanjáAponta o seu oxé a nos guiarRaiou o sol da liberdade a quebrar correntesE nessa terra o negro venceCom a proteção do rei de OyóContra o preconceito ao seu povoConduz a mão que escreve um mundo novoNo Pelô... Salve a Bahia de São SalvadorEu vou à capoeira, meu amorMorada dos milagres, devoção e féUm grito de igualdade... Axé!É magia...Na mistura de raças surgiuA pele morena, linda é a cor do BrasilNa crença, um traço culturalE pelas ruas o povo a cantarÉ arte popular que faz emocionar, o Afoxé a embalarNo Ylê a sua luz brilhouA mão de Mãe Senhora o consagrouEternizado, é coroado Obá de XangôJorge... Orgulho da naçãoAmado... Em cada coraçãoFeliz, o povo canta em oração!
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