Johnson faz apresentação sobre previsões (Foto: Glauber Fernandes de Queiroz / Ministério do Esporte)
O Brasil deve ganhar 23 medalhas, sendo seis de ouro, nos Jogos Olímpicos de Londres. A previsão otimista não veio de nenhum torcedor ou vidente, mas sim do economista canadense Daniel Johnson, que ministrou uma palestra sobre a estimativa de conquistas olímpicas na tarde desta quarta-feira no ministério do Esporte, em Brasília. As metas do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), anunciadas em março, porém, são mais modestas: repetir o número de pódios de Pequim-2008, 15, e superar a marca de 38 finais disputadas.
- Podemos prever o padrão de medalhas conquistadas. Não com bola de cristal, mas com modelagem computacional. É ciência. E não queremos só prever, mas também explicar - afirmou o especialista.
Desde as Olimpíadas de Sydney, no ano 2000, Johnson aplica um modelo curioso para prever o número de medalhas de cada país nos Jogos de Inverno e de Verão. Contrariando análises tradicionais, que levam em conta o desempenho recente e o perfil dos atletas, o método do economista avalia apenas dados geográficos, econômicos, políticos e o histórico de medalhas conquistadas em Olimpíadas.
Os resultados impressionam. Em seis competições estudadas até o momento, o modelo do economista apresentou um índice de 93% de acerto. Se tratando apenas das medalhas de ouro, o aproveitamento é de 87%. Para as Olimpíadas de Pequim, em 2008, a previsão de Johnson era de que o Brasil ganharia 13 medalhas, sendo três de ouro. No fim da competição, foram 15 medalhas, três delas de ouro, como previsto pelo especialista.
Para Londres, os cálculos de Daniel indicam que os Estados Unidos ficará com o primeiro lugar no quadro de medalhas, seguido por China, Rússia e Reino Unido.
Professor do departamento de economia do Colorado College, nos Estados Unidos, Daniel Johnson levou cerca de quatro anos para chegar ao modelo aplicado. A equipe de estudos do economista catalogou dados históricos sobre a conquista de medalhas pelos países em Jogos Olímpicos e testou diferentes variáveis.
Ao fim, apresentou um modelo que leva em conta os seguintes fatores: PIB (Produto Interno Bruto); população; estrutura política; clima; fator cultural; histórico de conquistas olímpicas; e o fato de ser o anfitrião ou estar próximo do país sede.
- Depois de muitos testes, percebemos que a renda do país é o que faz muita diferença. Se você tiver ouro, provavelmente vai ganhar ouro. Mas não basta ser o mais rico, é preciso saber usar. Comprar os equipamentos, treinar os atletas e desenvolver tecnologia - explicou o economista.
Outro fator importante no cálculo matemático é o desempenho alcançado na competição anterior.
- Isso não é muito satisfatório de dizer, mas o melhor indicador é o número de medalhas conquistadas nos últimos Jogos. Você ganha porque já ganhou. Não ajuda muito, mas estatisticamente é verdade. Há uma certa inércia - destacou.
De acordo com o estudo do professor Daniel Johnson, o país anfitrião ganha entre 18 e 25 medalhas a mais do que o padrão normal. Para Johnson, a principal razão desse crescimento não é o apoio da torcida durante as provas.
- Não é só a força do torcedor. Isso ajuda, mas o que mais importa é a repetição, o trabalho. O país que sabe que vai ser sede treina mais e investe mais. As medalhas chegam por muito esforço e exercício.
Receber os Jogos de 2016 deve influênciar bastante o número de conquistas do Brasil. Não apenas nas Olimpíadas do Rio, mas já neste ano, nos Jogos de Londres, e também nas Olimpíadas seguintes, em 2020.
De acordo com Johnson, a estimativa inicial do Brasil nas Olimpíadas de Londres era de 14 medalhas, mas com o efeito dos Jogos do Rio, o número deve subir para 23, sendo seis de ouro. Para 2016, ele espera 31 medalhas brasileiras, sendo 14 de ouro.
- Nossas estimativas são de que o Brasil ganhará seis ouros em Londres. Esperamos que se confirmem. Sabemos que há sempre questões imprevisíveis e é por isso que assistimos aos Jogos. Estamos falando de atletas, competição, emoção, aleatoriedade, virtude. Mas o padrão de conquistas é previsível. É importante colocar as expectativas de maneira objetiva para que se possa fazer o máximo e ainda melhorar - concluiu.
Veja as previsões de Daniel Johnson para o Brasil
2000
Previsão - 10 medalhas (3 de ouro)
Resultado - 12 medalhas (0 de ouro)
Previsão - 10 medalhas (3 de ouro)
Resultado - 12 medalhas (0 de ouro)
2004
Previsão - 12 medalhas (3 de ouro)
Resultado - 10 medalhas (5 de ouro)
Previsão - 12 medalhas (3 de ouro)
Resultado - 10 medalhas (5 de ouro)
2008
Previsão - 13 medalhas (3 de ouro)
Resultado - 15 medalhas (3 de ouro)
Previsão - 13 medalhas (3 de ouro)
Resultado - 15 medalhas (3 de ouro)
2012
Previsão - 23 medalhas (6 de ouro)
Previsão - 23 medalhas (6 de ouro)
2016
Previsão - 31 medalhas (14 de ouro)
*estimativa preliminar, pois depende dos resultados de 2012.
Previsão - 31 medalhas (14 de ouro)
*estimativa preliminar, pois depende dos resultados de 2012.
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