Taças ao alto: Inter e Santos são os mais recentes campeões (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)
Um ônibus arrastado por um trem no Peru. Um avião caído na Bolívia. E dois clubes renascidos de sua própria ruína. O Grupo 1 reúne Santos e Inter, os mais recentes campeões da Libertadores, acompanhados por Juan Aurich e The Strongest, dois clubes fortalecidos – um pela penúria dos conterrâneos, outro só pelo nome mesmo.
Aparentemente, santistas e colorados têm tudo para abocanhar as duas vagas. Aparentemente. Porque o Juan Aurich, em meio a uma crise financeira fortíssima no futebol peruano, conseguiu se sobressair e montar um elenco experiente, munido das manhas do torneio. E porque o The Strongest (que significa “o mais forte”, em inglês), se não tem um time de meter medo, conta com a altitude de La Paz.
Os peruanos serão o primeiro adversário do Inter, quinta-feira, no Beira-Rio. No dia 15, Neymar e sua turma visitam os bolivianos.
Argentino Fleitas é um dos estrangeiros no Juan
Aurich (Foto: Divulgação / Juan Aurich)
O campeão peruano de 2011 é um clube em renascimento aos 89 anos de vida. O título nacional da temporada passada é o único de uma agremiação que se fortalece, aproveitando a fragilidade de seus oponentes, abalados pela forte crise do futebol local. A conquista do Campeonato Descentralizado, como é chamada a disputa peruana, teve relação com a miséria vivida pelos clubes mais populares do país.
O Juan Aurich teve a segunda melhor campanha da disputa. Ficou atrás do Alianza Lima, com quem rumou para a decisão. O time da capital venceu o primeiro jogo, em Chiclayo, por 2 a 1. Mas acabou punido, com perda de pontos, por atraso no pagamento dos salários de seus atletas. Com isso, o Juan Aurich passou a ter a melhor campanha e ganhou o direito de escolher um campo neutro para uma terceira partida da decisão. No segundo jogo, o futuro adversário de santistas e colorados venceu por 1 a 0 em Lima. A finalíssima terminou empatada por 0 a 0, e o Juan Aurich foi campeão nos pênaltis.
A equipe é experiente, com a maioria dos atletas perto dos 30 anos – alguns, até acima. O time que treinou na semana passada, base da formação para a Libertadores, tem quatro estrangeiros: o zagueiro Fleitas, argentino, o volante Araujo e o meia Valência, equatorianos, e o atacante Tejada, panamenho.
Em 1953, o clube viveu uma tragédia. Na volta de um amistoso, ao passar por uma linha férrea, o ônibus que transportava o elenco foi atingido por um trem. O veículo capotou cinco vezes. Morrarem 22 pessoas. Oito delas eram atletas do clube.
O Juan Aurich disputou a Libertadores duas vezes, em 1969 e 2010. Caiu na primeira fase em ambas.
Fique de olho: muita atenção com Luís Tejada, El Matador (ou, melhor ainda, o King Kong). Ele foi o goleador do Campeonato Descentralizado, com 17 gols de tudo que é jeito: de perto e de longe, de cabeça e com os pés, bonitos e feios. Tem 29 anos. Também jogou na Colômbia, nos Emirados Árabes e nos Estados Unidos, além do próprio Panamá. É perigoso especialmente na pequena área.
Fator caldeirão: o estádio Elias Aguirre, em Chiclayo, tem capacidade para 25 mil pessoas. Não é uma panela de pressão. As arquibancadas ficam separadas do campo por uma pista atlética. A distância entre torcedores e jogadores é maior do que em boa parte dos estádios na Libertadores. O que os brasileiros mais vão estranhar é o gramado sintético. Para o Inter, porém, não será novidade, já que era assim o piso do Omnilife, em Guadalajara, palco do primeiro jogo da final de 2010, contra o Chivas, do México.
Desempenho recente: o início do ano foi de amistosos e jogos-treinos para o Juan Aurich. E os resultados foram um bocado ruins. A equipe disputou três partidas contra o César Vallejo: perdeu uma por 2 a 0 e empatou as outras duas, por 0 a 0 e 1 a 1. Também levou 2 a 1 do Universidad San Martín.
O nome deixa clara a pretensão do clube boliviano: The Strongest, ou o mais forte, em português. Nacionalmente, até poderia ser, não fosse a soberania do Bolívar, o multicampeão local. Mas o integrante do Grupo 1 da Libertadores tem lá sua tradição. É o segundo clube com mais títulos nacionais na Bolívia. Consequentemente, costuma disputar a principal competição continental.
A classificação para a edição de 2012 foi decorrência da conquista do Torneo Apertura do ano passado. Em novembro, o time de La Paz superou o Universitario: 2 a 0 no primeiro jogo, em casa, e empate por 1 a 1 em Sucre.
A base da equipe é de bolivianos. Mas o time titular tem dois estrangeiros: o volante/lateral paraguaio Cristaldo e o brasileiro Calheira, revelado pelo Colo-Colo, da Bahia, e que há cinco anos circula por clubes da América do Sul.
A exemplo do Juan Aurich, o The Strongest tem uma tragédia em seu passado. Em 1969, o avião que transportava o elenco caiu na localidade de Viloco. Dezesseis jogadores morreram.
Fique de olho: o The Strongest tem um setor ofensivo que conhece bem o futebol brasileiro. O baiano Calheira é acompanhado por Pablo Escobar, boliviano de longa trajetória no país pentacampeão. De 2008 a 2011, defendeu Ipatinga, Santo André, Mirassol, Ponte Preta e Botafogo-SP.
Efeito caldeirão: o The Strongest tem um estádio próprio, o Rafael Mendoza Castellón, com capacidade para 20 mil pessoas. Ali, a pressão é maior do que em outra habitual casa do clube, o Hernando Siles, também conhecido como Estádio Olímpico de La Paz, com capacidade para mais de 40 mil pessoas. Mas o maior problema está na falta de ar. La Paz tem altitude de 3,6 mil metros.
Desempenho recente: nas primeiras rodadas do Campeonato Boliviano, o The Strongest tem campanha irregular. Largou com derrota de 1 a 0 para o Nacional Potosí e depois goleou o Oriente Petrolero por 5 a 1. Volta a campo na quarta-feira, contra o Universitário Sucre.
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